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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Primeira postagem

Sempre gostei da laborar com a construção de sentido. Mas esse projeto é muito diferente, pois o assunto aqui tratado é tabu e o público da página é o mais heterogêneo possível. Isso gerou alguns curto-circuitos. Por exemplo, ontem (tarde de segunda-feira), postei uma imagem que se utilizava da sutileza para ironizar a hegemonia do engodo que quer fazer acreditar que o nazismo é "de extrema-direita" (seja lá o que for que essa celeridade signifique). Algumas pessoas entenderam de pronto e exclamaram: "Muito bom!!". Já outras começaram a postar links com os argumentos que fazem o Nazismo se alinhar com a esquerda. Estas últimas não perceberam que "alinhar o Nazismo com a esquerda" era o ponto de partida para entender a mensagem, a saber, a falta de coerência da esquerda que não aceita uma autodeclaração de Hitler para justificar que ele era socialista, mas usam uma (vejam só!) autodeclaração de Hitler para fazer entender que ele era católico (vá compreender esse povo!). Infelizmente a imagem se demostrou ser sutil em demasia e considerei que, se aqui na página, "local" onde o nível geral de entendimento é elevado, já estava dado aquele auê, imaginem que tipo de interpretação uma imagem dessa não suscitaria quando fosse vista pelo amigo do amigo do amigo do amigo do assinante da página? Tive que apagar. Do acontecido, só restou a experiência: toda vez que um exército de professores marxistas estiverem trabalhando para criar e suportar um transe hipnótico coletivo, o espaço para sutileza tende a zero, sob pena de ser entendido apenas por meio punhado de gatos pingados. Prometo ser mais cuidadoso daqui para frente. A complicação é que o que eu tenho uma predileção pelo humor sutil e, afinal, os memes de redes sociais não são nada mais do que piadas. Bom... Virar-me-ei.

Também queria aproveitar o momento para fazer algumas pontuações: as pessoas têm mania de não lerem o que está escrito. Leem o que gostariam que tivesse escrito e (ora, que coincidência!) elas sempre gostariam que estivesse escrito o que elas seriam capazes de refutar. Isso fica ainda mais evidente em imagens "leves" (aquelas em que a pilhéria é o elemento principal) tais como como a imagem que enuncia: "se seu professor de geografia chama os americanos de estadunidenses, compartilhe". Em nenhum lugar da figura está escrito que "estadunidense" é certo nem que é errado. É muito difícil simplesmente NÃO ler o que NÃO está escrito? Para quem os que ainda não entenderam, posso desenhar: imaginem que a imagem dissesse "se você tem algum amigo que fala 'tu vais', compartilhe". Não vem ao caso se "tu vais" é certo ou errado (claro que é certo, pelo menos até Marcos Bagno ser nomeado o Ministro da [Des]Educação do segundo governo Dilma), mas pouca gente usa. No Brasil, de uma forma geral, quando vemos na TV alguém dizendo "tu vais", imaginamos que essa pessoa deva ser gaúcha. Sim, há outras regiões cujos habitantes usam o pronome pessoal de segunda pessoa para flexionar o verbo dentro da norma culta, mas a maioria dos que eu conheço associam de início quem assim fala com os gaúchos. Fazer o que? Esse é o verdadeiro preconceito linguístico... Então voltando: As pessoas "normais" simplesmente preenchem o sujeito da oração com "americanos" ou "norte-americanos" e seguem para o predicado. Os professores de geografia marxistas não. Esses são impagáveis! No dia da aula cujo assunto é os tais "corn-belts" eles acordam mais cedo do que o normal, fazem a barba como se estivessem indo para uma entrevista de emprego e seguem para o colégio com um sorriso quase satânico no canto da boca. Já na aula, eles escolhem o momento com astúcia, ocupam o sujeito da oração com "os estadunidenses" e, em vez de simplesmente fazerem seguir o predicado, fazem uma pequena pausa com os olhos cheios da convicção de que a mera enunciação de tal substantivo os alinha com um clube secreto de revolucionários cuja ação em algum momento, por fim, livrá-lo-a de todos aqueles alunos burgueses a quem ele é obrigado a vender seus maravilhosos préstimos, pagando a "mais valia" aos gananciosos donos de colégios particulares. Se você, ao ler a figura, não viu o filme mental que agora descrevo e não deu uma boa gargalhada, mas ficou discutindo se "estadunidense" é "certo ou errado", sugiro que agora você retorne a ela, olhe-a "com os olhos de ver", ria e compartilhe. 

Outro ponto: as alegações do tipo "Você está tentando utilizar a escravidão entre os negros para justificar a escravidão dos brancos sobre os negros" e suas variantes nos outros assuntos que foram abordados ("Você está tentando se utilizar da Revolução Francesa para justificar as atrocidades da Inquisição Espanhola"). Tais assertivas são apenas e tão somente fruto de condicionamento e cacoete mental. Eu não estou tentando justificar absolutamente nada. Eu só quero saber: por que raios a informação de que os as tribos africanas escravizavam umas às outras através de guerras não está presente nos livros do MEC? Por que só uma das escravidões é abordada? Por que os professores enchem tanto os pulmões para falar das mortes da Inquisição Espanhola, enquanto as mortes dos julgamentos sumários dos tribunais seculares são mencionadas em 'en passant', como se fossem insignificantes e, o que é pior, dando a entender que aqueles que as praticavam guardavam algum tipo de superioridade moral? Esse é o ponto. Pedir que abram mão dos cacoetes mentais é pedir demais?

Ah! Falando nisso, não posso deixar de compartilhar aqui uma mensagem que recebi em particular. A remetente foi uma garota, Joana (nome fictício). Vejam que fofa: "Meu professor de História mentiu pra mim, algo nessa foto me incomoda. Você poderia removê-la? Uma vez que o conteúdo da imagem soa como [se] os povos europeus fossem isentos de toda a (sic) culpa do estado desumano e degradante [a] que os negros foram submetidos, e estou longe de considerar o fato de que se aproveitar de um (sic) povo fragilizado, e explora-los com intuitos inteiramente (sic) próprios, seja algo virtuoso porque assim esses eram privados da morte". O final é épico!: "porque assim esses eram privados da morte". Encaixa perfeitamente na "linha de raciocínio", só que não. Mas prestem mais atenção no que o cacoete mental faz com o "cerumano": se ela não considera "virtuoso" o fato de serem "explorados com intuitos inteiramente próprios", então deve-se deduzir que ela consideraria "virtuoso" acaso tivessem sido "explorados com intuitos inteiramente... ALTRUÍSTAS" (!!!!!), mais ou meus como o fizeram os Stalins, Lenis, Mao Tse Tungs, Castros etc. Mesmo diante de tamanha enormidade, na qualidade de cavalheiro, contive meu impulso primário de mandá-la catar coquinho. Minha mãe me ensinou que jamais se deve dirigir uma agressão a uma mulher, e agressões verbais estão não estão excluídas. Foi pensando na minha mãe que eu tive que apagar a minha resposta a Laura e pedir desculpas. Espero que as feministas não aproveitem o que hora declaro para saírem por aí me chamando de machista. Com essas, todo cuidado é pouco. Mas o que queria mesmo é não deixar Joana (nome fictício) sem resposta. E estou com uma enorme dificuldade de redigir qualquer passagem que não comece a mandando se explodir. Será que vocês poderiam me ajudar a respondê-la? Por favor, postem sugestões. Gratidão.