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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Manual da Resistência, Capítulo 01

No Brasil, a esquerda possui a absoluta hegemonia nas duas principais instâncias formadoras de opinião, (a saber, os meios de comunicação e o ministério da educação) e há um grande contingente de pessoas que militam em prol da esquerda. Por causa disso, às vezes temos a impressão de que eles são maioria, mas a verdade é que tem muita gente que não concorda com a agenda esquerdista de destruição das instituições e valores civilizacionais, bem como não concorda com o inchamento aviltante do Estado promovido pela esquerda, o que se reflete para os cidadãos em impostos cada vez mais e mais elevados. Contudo, ainda assim, tais pessoas por vezes assumem discursos favoráveis à esquerda. Isso acontece porque essas pessoas não são politizadas, ou seja, elas não compreendem os pressupostos que estão por trás das posições políticas e, assim, vivem em crise entre "querer pagar menos imposto" e "querer ser socialmente aceito em uma sociedade onde o politicamente correto e o esquerdismo possuem hegemonia absoluta". 

Se há qualquer esperança de a liberdade virar o jogo político e acabar com a ditadura bolivariana que avança no Brasil, essa esperança reside exatamente na possibilidade de fazer tais pessoas compreenderem as questões da política, o que as traria para nosso lado. Para que tais pessoas sejam convertidas faz-se necessário que cada um dos que atualmente já se percebem como "direitista" tenha um mínimo de desenvoltura no jogo político, para ser capaz de criar textos pelos quais os "neutros" e "confusos" se interessem. O primeiro passo para qualquer um que queira se transformar em um formador de opinião e sucesso é estudar as táticas e métodos do adversário. Um excelente ponto de partida é a leitura do livro Rules for Radicals, de Saul Alinsk. 

Como se trata de um livro que (até onde estou informado) não foi traduzido para o português, a grande maioria pode ter problema até mesmo em conseguir acessá-lo. Isso não é motivo para pranto. Uma pesquisa rápida no Google vai apontar vários links de textos explicando e resumindo as ideias de Alinsk. Então, o ideal é ler o livro, mas pode-se começar a compreender o que está em jogo apenas com a leitura de resumos, como esse ou esse (em inglês). Esse texto que você está lendo agora é o primeiro de uma série que pretende ser um "Manual de Resistência", uma espécie de código de conduta e compêndio de diretrizes para adentrar o jogo político de forma assertiva e eficaz, evitando os erros mais comuns praticados por quem de alguma forma atua no sentido de tentar lançar luz no breu de ignorância que é o Brasil.

Observe atentamente a imagem abaixo, comento depois.


A imagem acima foi postada por um direitista em uma página de direita com o objetivo de denunciar o que ele classificou como "falta de escrúpulos por parte da esquerda". Após ver o desespero do cidadão, me apercebi de o quão a direita brasileira é primária na atuação nos procedimentos do jogo político. Eu pergunto: de que adianta expor para os direitistas a "falta de escrúpulos por parte da esquerda"? Qualquer um que esteja inscrito em um grupo de discussão ou siga uma página de direita está careca de saber que esquerdistas padecem por não possuírem escrúpulos, o mesmo que um peixe padece por não possuir uma bicicleta. 

A indignação diante da visão da imagem acima deve ser canalizada da forma correta, para que possa ser aproveitada de modo efetivo no jogo político, caso contrário será apenas dispersão de forças. Seguindo as diretrizes propostas por Alinsky, a reação ao incêndio no Clube Militar tem que ser na mesma moeda. Aqui esbarramos com um obstáculo: é claro que nenhum conservador ou direitista vai ser capaz de atear fogo no que quer que seja. Isso é coisa de marginais, de bandidos, e — como é fácil comprovar até mesmo historicamente — reduto da bandidagem é a esquerda. Contudo, se compreendermos que o que importa não é a ação em si, mas a repercussão da mesma, estaremos livres para pensar uma série de atitudes que seriam uma resposta à altura para a ação de vandalismo mostrada na imagem.

É preciso compreender que não é necessário destruir nada concreto para se alcançar uma ação efetiva de humilhação. O que está em jogo não são as coisas em si, mas aquilo que elas representam. 

Recentemente o estudante João Victor Gasparino tornou-se nacionalmente conhecido por ter entregado uma carta manifesto no lugar de um trabalho sobre Karl Marx. Marx, no Brasil, é uma espécie de vaca sagrada, sobretudo dentro das universidades, ainda mais no que diz respeito às universidades públicas. Atingi-lo tão diretamente, como fez João, já seria maravilhoso, mas ele fez mais do que isso, ele publicizou seu feito nas redes sociais, ou seja: ele capitalizou politicamente uma atitude simples, que poderia no máximo ter lhe rendido uma nota baixa. A ação de atear fogo ao Clube Militar pode ser punida com prisão, então é fácil comparar o ônus que cada uma das ações representa — ser preso e tirar uma nota baixa — e perceber que João Vitor soube muito espertamente criar uma situação de "ônus mínimo e bônus máximo". 

Atacar o marxismo de forma frontal e assertiva, como fez João Vitor, é uma reação en rapport com "colocar fogo no Clube Militar". Precisamos de Mais Joões Vitores! Mas isso não é tudo, há mais que pode ser feito. Pode-se subir alguns degraus no quesito "ousadia", DESDE QUE NÃO SE INFRINJA NENHUMA DAS LEIS VIGENTES. Por exemplo, um grupo de estudantes da USP pode rachar o preço de uma bela faixa com mais de 15 metros de comprimento que exponha a contradição entre ganhar mais de R$ 15.000,00 por mês e dizer que odeia a classe média e estendê-la em frente ao prédio que abriga o gabinete de Marilena Chauí. É verdade que uma ação como essa pode causar uma tentativa de jubilamento, então é bom contar com um advogado antes de pô-la em prática. Mas, mesmo se a USP tentasse jubilar o (s) aluno (s) que tenha (m) realizado tal manifestação, é possível alegar a opressão da instituição contra uma manifestação pacífica e iniciar a rotina que a esquerda sempre chama em causa: "liberdade de expressão...". Com certeza uma ameaça de jubilamento se transformaria em uma briga judicial a qual conferiria ainda mais espaço midiático ao ameaçado.

As atitudes citadas acima são apenas exemplos. O ponto é sempre estar atento às oportunidades de INICIAR o embate. Até aqui a direita tem ficado muito na defensiva, sempre tentando se defender das acusações de racismo, de odiar os pobres e todas as outras cantilenas que são usualmente repetidas pela esquerda. Já é hora de partir para o ataque. Então a primeira diretriz desse Manual da Resistência pode ser resumida no enunciado: "Pare de resistir. Pare de reagir. Parta para o ataque!".